quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AMELOBLASTOMAS

Os Tumores Odontogênicos apresentam sua origem associada ao órgão dental ou aos seus remanescentes, e podem-se desenvolver a partir do epitélio odontogênico, do ectomesênquima odontogênico, ou de ambos. Essas lesões apresentam um comportamento clínico variável, sendo que algumas têm potencial de crescimento limitado, enquanto outras possuem características de uma verdadeira neoplasia, como é o caso do ameloblastoma.

Os ameloblastomas são tumores odontogênicos benignos, derivados do epitélio odontogênico (sem a presença de ectomesênquima odontogênico), que podem ser encontrados com certa frequência. Não se pode diagnosticar um tumor simplesmente como Ameloblastoma. As suas variantes mostram distinção nos seus aspectos clínicos e demográficos, bem como no seu comportamento biológico. Sendo assim, com base em características clínicas, radiográficas, padrões histológicos e no prognóstico, os ameloblastomas são divididos em: sólido ou multicístico, unicístico e extra-ósseo ou periférico.

Ameloblastomas sólidos ou multicísticos
Apresentam crescimento lento, mas são localmente agressivos. Ocorrem exclusivamente de maneira intra-óssea tanto na mandíbula quanto na maxila, e possuem alta taxa de recorrência, quando não são removidos adequadamente. A mandíbula é afetada na maioria dos casos, sendo o ramo ascendente da mandíbula e a região de molares os locais mais atingidos por estes tumores.
Os ameloblastomas são normalmente descobertos devido a um aumento de volume assintomático nos maxilares, que pode causar ou não o deslocamento dos dentes. Pode-se observar, com mais freqüência, expansão das corticais ósseas, deslocamento dental e reabsorção radicular. Radiograficamente apresentam-se como lesões osteolíticas destrutivas, que podem ser uni ou multiloculares. As lesões multiloculares apresentam um aspecto radiográfico característico de “bolhas de sabão”.
Os ameloblastomas sólidos podem exibir diversos padrões microscópicos, sendo que uma única lesão pode apresentar vários padrões, porém, em quase todos os tipos, observam-se células com núcleos polarizados semelhantes a ameloblastos que estão localizadas na periferia dos ninhos tumorais. Os padrões encontrados com mais frequência são o folicular e o plexiforme.
O ameloblastoma folicular apresenta ilhas de células tumorais (semelhantes ao folículo dental normal), imersas em estroma de tecido conjuntivo fibroso. No ameloblastoma plexiforme, o epitélio odontogênico é arranjado em longos cordões que parece envolver o estroma. Estes cordões apresentam células com polarização reversa envolvendo células semelhantes ao retículo estrelado.
Outro subtipo histológico, o ameloblastoma desmoplásico, contém ilhas e cordões de epitélio odontogênico em um estroma densamente colagenizado, sendo que devido as suas diferenças histológicas, radiográficas e de localização, alguns autores preferem analisá-lo separadamente.

Ameloblastomas unicísticos
Apresenta-se como uma lesão bem definida, com uma grande cavidade monocística revestida por epitélio odontogênico ameloblastomatoso. Contudo, é valido ressaltar que um ameloblastoma unicístico pode apresentar-se radiograficamente não somente como um defeito ósseo unilocular, mas também de forma multilocular.
Os ameloblastomas unicísticos apresentam padrões histológicos classificados como: luminal, intraluminal e mural. No padrão luminal, percebe-se uma parede fibrosa revestida por epitélio ameloblástico. No padrão intraluminal, existem projeções do epitélio em direção ao lúmen cístico. Já no padrão mural, notam-se ninhos de células epiteliais originários do parênquima tumoral na parede fibrosa, que pode infiltrar o osso adjacente como as outras formas de ameloblastomas.

Ameloblastomas extra-ósseos ou periféricos
Pouquíssimos casos foram diagnosticados como ameloblastomas periféricos (extra-ósseos). Localizam-se na gengiva ou na mucosa jugal e apresentam aspecto microscópico semelhante ao ameloblastoma sólido. Os ameloblastomas periféricos não invadem o osso e não apresentam o mesmo comportamento biológico agressivo do amelobalstoma sólido. Dessa forma, é raro ocorrerem recidivas após o tratamento cirúrgico conservador.

O tratamento dos ameloblastomas é basicamente cirúrgico, mas varia dependendo da sua subclassificação. Nos ameloblastomas sólidos, a ressecção em bloco ainda é a melhor modalidade de tratamento, apresentando um índice de recidiva em torno de 20%. O tratamento conservador por curetagem pode deixar pequenas ilhas tumorais dentro do osso, sendo que o índice de recorrência nos casos tratados de forma conservadora aumenta para aproximadamente 40%. Para os ameloblastomas unicísticos, a modalidade de tratamento depende do diagnóstico histopatológico. Os ameloblastomas unicísticos com padrões luminais e intra-luminais requerem enucleação cirúrgica conservadora, porém, a presença do padrão mural exige um tratamento similar aos dos ameloblastomas sólidos. Nos ameloblastomas periféricos, pode-se realizar apenas a remoção cirúrgica conservadora.