quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AMELOBLASTOMAS

Os Tumores Odontogênicos apresentam sua origem associada ao órgão dental ou aos seus remanescentes, e podem-se desenvolver a partir do epitélio odontogênico, do ectomesênquima odontogênico, ou de ambos. Essas lesões apresentam um comportamento clínico variável, sendo que algumas têm potencial de crescimento limitado, enquanto outras possuem características de uma verdadeira neoplasia, como é o caso do ameloblastoma.

Os ameloblastomas são tumores odontogênicos benignos, derivados do epitélio odontogênico (sem a presença de ectomesênquima odontogênico), que podem ser encontrados com certa frequência. Não se pode diagnosticar um tumor simplesmente como Ameloblastoma. As suas variantes mostram distinção nos seus aspectos clínicos e demográficos, bem como no seu comportamento biológico. Sendo assim, com base em características clínicas, radiográficas, padrões histológicos e no prognóstico, os ameloblastomas são divididos em: sólido ou multicístico, unicístico e extra-ósseo ou periférico.

Ameloblastomas sólidos ou multicísticos
Apresentam crescimento lento, mas são localmente agressivos. Ocorrem exclusivamente de maneira intra-óssea tanto na mandíbula quanto na maxila, e possuem alta taxa de recorrência, quando não são removidos adequadamente. A mandíbula é afetada na maioria dos casos, sendo o ramo ascendente da mandíbula e a região de molares os locais mais atingidos por estes tumores.
Os ameloblastomas são normalmente descobertos devido a um aumento de volume assintomático nos maxilares, que pode causar ou não o deslocamento dos dentes. Pode-se observar, com mais freqüência, expansão das corticais ósseas, deslocamento dental e reabsorção radicular. Radiograficamente apresentam-se como lesões osteolíticas destrutivas, que podem ser uni ou multiloculares. As lesões multiloculares apresentam um aspecto radiográfico característico de “bolhas de sabão”.
Os ameloblastomas sólidos podem exibir diversos padrões microscópicos, sendo que uma única lesão pode apresentar vários padrões, porém, em quase todos os tipos, observam-se células com núcleos polarizados semelhantes a ameloblastos que estão localizadas na periferia dos ninhos tumorais. Os padrões encontrados com mais frequência são o folicular e o plexiforme.
O ameloblastoma folicular apresenta ilhas de células tumorais (semelhantes ao folículo dental normal), imersas em estroma de tecido conjuntivo fibroso. No ameloblastoma plexiforme, o epitélio odontogênico é arranjado em longos cordões que parece envolver o estroma. Estes cordões apresentam células com polarização reversa envolvendo células semelhantes ao retículo estrelado.
Outro subtipo histológico, o ameloblastoma desmoplásico, contém ilhas e cordões de epitélio odontogênico em um estroma densamente colagenizado, sendo que devido as suas diferenças histológicas, radiográficas e de localização, alguns autores preferem analisá-lo separadamente.

Ameloblastomas unicísticos
Apresenta-se como uma lesão bem definida, com uma grande cavidade monocística revestida por epitélio odontogênico ameloblastomatoso. Contudo, é valido ressaltar que um ameloblastoma unicístico pode apresentar-se radiograficamente não somente como um defeito ósseo unilocular, mas também de forma multilocular.
Os ameloblastomas unicísticos apresentam padrões histológicos classificados como: luminal, intraluminal e mural. No padrão luminal, percebe-se uma parede fibrosa revestida por epitélio ameloblástico. No padrão intraluminal, existem projeções do epitélio em direção ao lúmen cístico. Já no padrão mural, notam-se ninhos de células epiteliais originários do parênquima tumoral na parede fibrosa, que pode infiltrar o osso adjacente como as outras formas de ameloblastomas.

Ameloblastomas extra-ósseos ou periféricos
Pouquíssimos casos foram diagnosticados como ameloblastomas periféricos (extra-ósseos). Localizam-se na gengiva ou na mucosa jugal e apresentam aspecto microscópico semelhante ao ameloblastoma sólido. Os ameloblastomas periféricos não invadem o osso e não apresentam o mesmo comportamento biológico agressivo do amelobalstoma sólido. Dessa forma, é raro ocorrerem recidivas após o tratamento cirúrgico conservador.

O tratamento dos ameloblastomas é basicamente cirúrgico, mas varia dependendo da sua subclassificação. Nos ameloblastomas sólidos, a ressecção em bloco ainda é a melhor modalidade de tratamento, apresentando um índice de recidiva em torno de 20%. O tratamento conservador por curetagem pode deixar pequenas ilhas tumorais dentro do osso, sendo que o índice de recorrência nos casos tratados de forma conservadora aumenta para aproximadamente 40%. Para os ameloblastomas unicísticos, a modalidade de tratamento depende do diagnóstico histopatológico. Os ameloblastomas unicísticos com padrões luminais e intra-luminais requerem enucleação cirúrgica conservadora, porém, a presença do padrão mural exige um tratamento similar aos dos ameloblastomas sólidos. Nos ameloblastomas periféricos, pode-se realizar apenas a remoção cirúrgica conservadora.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Radioterapia de Cabeça e Pescoço X Osteorradionecrose

Segundo dados da OMS, 2/3 dos pacientes com câncer serão submetidos à radioterapia (Rxt) para o tratamento de sua doença. A Rxt é amplamente empregada no tratamento dos tumores malignos de cabeça e pescoço, seja como terapia primária, adjuvante à cirurgia ou de forma paliativa, para controle ou redução de tumores avançados ou irressecáveis. Mesmo apresentando altos índices de cura, os efeitos secundários do tratamento radioterápico permanecem um desafio para os profissionais envolvidos no manejo dos pacientes irradiados. Nas últimas décadas, a radioterapia avançou significativamente com o desenvolvimento de novos aparelhos capazes de reduzir a amplitude da área irradiada. Estes avanços refletiram na sobrevida dos pacientes em tratamento para os tumores malignos de cabeça e pescoço, contudo, não eliminaram a possibilidade de sequelas.

As complicações decorrentes da Rxt de cabeça e pescoço são variáveis, pois dependem da área e região irradiadas, da quantidade de radiação absorvida e da resposta individual de cada paciente. Os possíveis efeitos adversos incluem mucosite, xerostomia, alteração do paladar, trismo, cáries, desceratinização da mucosa, redução da microvascularização, fibrose muscular, doença periodontal progressiva, necrose de tecidos moles e osteorradionecrose (ORN). Dentre todas essas complicações, a ORN pode ser considerada a mais severa.

Vários estudos demonstram uma influência negativa da radiação no processo de reparo tecidual, sendo que os tecidos irradiados apresentam alterações estruturais e funcionais lentas, dose-dependentes e progressivas, aumentando o risco do desenvolvimento da ORN com o passar do tempo.

Os principais fatores desencadeantes da ORN são os traumas por próteses, exodontias pouco antes e depois do tratamento radioterápico, patologias de origem dentária, biópsias que incluam tecido ósseo e a realização de cirurgias de resgate.

A patogênese da ORN é definida como uma seqüência de radiação, formação de tecido hipocelular, hipovascular e hipóxico, com consequente rompimento da barreira protetora da mucosa da boca, que pode ter sido desencadeada de forma espontânea ou traumática, resultando num processo de não-cicatrização.

Clinicamente, a ORN caracteriza-se pela perda da mucosa de revestimento e exposição de osso necrótico por um período maior que três meses. A ORN manifesta-se de diferentes formas, variando entre quadros crônicos assintomáticos, caracterizados por exposições ósseas pequenas e estáveis, até quadros agudos, com exposições ósseas extensas, progressivas, sintomáticas, que não apresentam tendência à resolução espontânea e podem estar acompanhadas de outros sinais e sintomas, como: trismo, odor fétido, fístulas cutâneas, fratura patológica, seqüestros ósseos, alterações na alimentação e na fala, e consequente queda na qualidade de vida do paciente.

Radiograficamente, lesões de ORN podem-se apresentar como uma imagem radiolúcida destrutiva e irregular, associada ou não a radiopacidades indicativas de sequestros ósseos. No entanto, as evidências radiográficas normalmente não expressam o grau de envolvimento clínico da lesão.

O diagnóstico final é baseado na história médica pregressa, associada aos aspectos clínicos e radiográficos, podendo ser realizado um exame histopatológico para os casos em que o diagnóstico diferencial seja a recorrência tumoral ou metástase.

Não existe um protocolo universal para tratamento da ORN, sendo cada caso avaliado individualmente. Muitas abordagens têm sido descritas na literatura, desde manejos não-cirúrgicos até amplas ressecções. O tratamento conservador é realizado com irrigações, decortificações e sequestrectomias, estando indicado para pequenas exposições crônicas, que podem apresentar cicatrização após o manejo. Já as ressecções, associadas ou não a retalhos para reconstrução, estão reservadas para casos de grandes exposições, agudos e refratários.

Com isso, pode-se observar que a ORN trata-se de uma condição de manejo complexo e desagradável, sendo que uma maior interação entre os profissionais envolvidos no tratamento para o câncer de cabeça e pescoço pode contribuir para a redução das complicações associadas à radioterapia, melhorando, significativamente, a qualidade de vida dos pacientes. Nesses casos, a prevenção é primordial, sendo a avaliação odontológica prévia ao início da Rxt importantíssima para a diminuição do risco de ORN.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fio dental – 1x0 para os macacos!

Dizem que a espécie humana é a mais desenvolvida dentre todos os animais conhecidos, que domina a natureza com a complexidade do seu cérebro, seu polegar oponível e sua posição ereta. Afirma-se, ainda, que o comportamento humano dá-se num quadro de circulação permanente de informação. Cada homem recebe ininterruptamente estímulos diversos e diversamente organizados, aos quais responde por comportamentos que se distinguem pelas propriedades de sistematização, de transferência e de significação.
Pode até ser que essas informações sejam verdadeiras, mas no quesito fio dental, há muitos primatas saindo na frente...

#Macacas ensinam filhotes a passar 'fio dental', diz estudo.
(Foto e Reportagem: BBC)
Cientistas no Japão notaram comportamento quando observavam mães limpando os dentes.




Animais são conhecidos por sua capacidade de aprendizado.
As macacas de uma colônia na Tailândia ensinam seus filhotes a limpar os dentes usando fios de cabelo humano ou outros materiais parecidos, segundo observaram cientistas da Universidade de Kyoto, no Japão. A descoberta comprova a teoria de que primatas são capazes de mostrar aos mais novos como usar "ferramentas".
"Fiquei surpreso porque o ensino de técnicas de uso correto de apetrechos era uma habilidade atribuída apenas a humanos", disse Nobuo Masataka, professor do Instituto de Pesquisas de Primatas da Universidade de Kyoto, que chefiou o estudo.
Segundo a mídia japonesa, ele e seus colegas observaram um grupo de 250 macacos-caranguejeiros durante o mês de fevereiro de 2008, em uma área a 150 km de Bangcoc, na Tailândia.
Os especialistas se concentraram em sete fêmeas que tinham filhotes com idades em torno de 1 ano, para verificar quantas vezes elas limpavam os dentes e por quanto tempo.
Os cientistas descobriram que este tempo dobrava se os bebês estivessem de frente para as mães, e que elas também exageravam seus gestos.
"Era impressionante ver que os filhotes prestavam atenção no ato das macacas", disse Masataka.
Ele lembra, no entanto, que o estudo ainda está em fase inicial.
"Agora gostaríamos de nos concentrarmos nos bebês e verificar se o ato das mães estão realmente os ajudando a aprender a limpar seus dentes", afirmou o cientista japonês.
Há pelo menos dez anos, já se sabia que algumas espécies de macacos são capazes de recolher cabelo humano e usá-los como fio dental. #

Este fato também foi noticiado no site da revista VEJA. Clique no link seguinte para acessar um vídeo sobre a reportagem:
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-saude/macacos-usam-fio-dental-427660.shtml

É inacreditável que mesmo havendo no mercado as mais diversas opções de marcas, que agrada todos os bolsos e os clientes mais exigentes, o uso do fio/fita dental ainda não faz parte dos hábitos de higiene bucal da maioria da população brasileira. Só com o uso do fio dental pode-se remover a placa bacteriana e os resquícios de alimentos que ficam entre os dentes, evitando-se halitose, gengivite e problemas periodontais que podem ser ocasionados por uma higiene oral deficiente.
Esse quadro pode ser mudado somente com uma conscientização da população. Para que isso ocorra, os cirurgiões-dentistas das redes públicas e privadas precisam realizar campanhas de esclarecimento para que a utilização contínua do fio dental torne-se hábito entre as famílias brasileiras e seja passado de geração para geração.

Se até os primatas conseguem, o que está faltando para você?

terça-feira, 3 de março de 2009

Clareamento Dental


Com a crescente busca dos pacientes por um sorriso bonito e com o desenvolvimento de técnicas e materiais cada vez mais modernos, a Odontologia Estética e a Dentística Restauradora tornaram-se especialidades de grande procura nos consultórios odontológicos.
Como a cor dos dentes é um dos principais fatores que contribuem para o equilíbrio estético do sorriso e devido ao fato de haver, cada dia mais, uma valorização dos procedimentos estéticos menos invasivos, a técnica de clareamento dental tornou-se uma opção importante para o tratamento de dentes escurecidos.
As técnicas de clareamento consistem na aplicação de agentes químicos que, devido a uma reação de oxidação, removem pigmentos orgânicos dos dentes. Apesar de apresentar uma série de vantagens, também possuem limitações, o que torna essencial o conhecimento do profissional sobre a segurança biológica e o mecanismo de ação dos agentes clareadores, para que seus pacientes sejam devidamente esclarecidos sobre os benefícios e os riscos desse tratamento.
O Clareamento pode ser aplicado tanto em dentes vitais quanto em dentes não vitais e pode ser realizado em consultórios odontológicos ou na própria casa dos pacientes, mas sempre com a supervisão de um profissional qualificado.


Técnicas de Clareamento Dental:

  • Clareamento em Consultório com o aparelho de laser: nessa técnica, o agente clareador mais empregado é o peróxido de hidrogênio a 35%, que pode ser ativado com o auxílio de uma luz liberada pelo aparelho de laser/LED. Essa técnica está indicada para pacientes que desejam reduzir o tempo de tratamento ou que não apresentam disciplina para usar a moldeira individual com o gel clareador diariamente. Como, nessa técnica, o profissional confecciona uma barreira gengival protetora, não são causados danos aos tecidos gengivais adjacentes aos dentes clareados.

  • Clareamento caseiro com moldeira individual: nessa técnica, o agente clareador mais empregado é o peróxido de carbamida em concentrações de 10 a 16%. Para esses casos, o cirurgião-dentista confecciona uma moldeira plástica transparente, para que o agente clareador possa ser aplicado pelo próprio paciente em casa durante uma hora. Essa técnica apresenta resultados mais lentos que a citada anteriormente, sendo que o profissional pode optar por associar o clareamento caseiro com o clareamento de consultório, principalmente nos casos mais resistentes ao clareamento ou quando o paciente deseja encurtar ainda mais o tempo de tratamento.

  • Microabrasão: o objetivo dessa técnica é promover abrasão da superfície do esmalte dental, sendo que o agente mais utilizado é o ácido clorídrico associado a um abrasivo, formando uma pasta. Essa técnica é realizada no consultório odontológico e é normalmente indicada para dentes que apresentam manchamento por fluorose.

  • Clareamento em Consultório somente para dentes desvitalizados: essa técnica está indicada para o clareamento de um dente tratado endodonticamente que se apresenta escurecido. Nesses casos, é frequente usar-se como agente clareador uma mistura de perborato de sódio e solução de peróxido de hidrogênio a 35%, peróxido de carbamida a 35% ou peróxido de hidrogênio em pó, que é colocada na câmara pulpar previamente selada, sendo mantida por um intervalo de tempo de dois a sete dias. Quando necessário, pode-se realizar duas ou três trocas subseqüentes do agente clareador. Nesse procedimento, é muito importante que o cirurgião-dentista realize um efetivo selamento biológico do canal radicular, devido ao risco que essa técnica apresenta de causar reabsorção radicular externa.


As técnicas de clareamento dental podem ser indicadas para um dente isoladamente, para um grupo ou para todos os dentes em diversas situações, como:

  • Dentes com coloração amarelada ou escurecida;
  • Dentes manchados pela deposição de corantes provenientes da dieta ou fumo;
  • Dentes com alteração de cor originada de traumatismo;
  • Dentes com escurecimento por desgaste fisiológico do esmalte dental devido à idade;
  • Dentes com alteração intrínsica de cor provocada por doenças sistêmicas;
  • Dentes com manchamento leve por tetraciclina;
  • Dentes manchados por fluorose;
  • Dentes com escurecimento ocasionado por necrose pulpar.


Alguns pacientes podem apresentar sensibilidade logo após o tratamento clareador. Nesses casos, o cirurgião-dentista pode resolver a situação utilizando agentes dessensibilizantes, flúor, laserterapia, antiinflamatórios e analgésicos. A ingestão de alguns alimentos com elevada quantidade de corantes, como o café, o chá e o vinho tinto, deve ser evitada logo após o tratamento clareador.
Dentre os procedimentos estéticos disponíveis na odontologia, o clareamento dental é um dos mais seguros e, certamente, mais acessíveis à população. Trata-se de uma medida efetiva que ajuda na construção da auto-estima do paciente, pois consegue iluminar o rosto de quem sorri. Os profissionais especializados em Dentística Restauradora são os mais indicados para aconselhar o tipo de tratamento apropriado para cada paciente individualmente. Procure um especialista.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Prótese Buco-Maxilo-Facial

A Prótese Buco-Maxilo-Facial (PBMF) é a especialidade da Odontologia responsável pela confecção de próteses faciais e intra-orais, que visam reabilitar pacientes com malformações e deformidades variadas.
As pessoas portadoras de deformidades faciais fazem parte de uma população silenciosa que, na maioria das vezes, não consegue levar uma vida digna, devido ao fato de sofrer uma terrível discriminação social.
São inúmeras as razões pelas quais um paciente procura um especialista em PBMF. Dentre estas, as principais são:
· Mutilações faciais decorrente de cirurgias oncológicas (para retirada de tumores malignos na região de Cabeça e Pescoço).
· Malformações Congênitas.
· Deformidades faciais ocasionadas por queimaduras, acidentes com arma de fogo, acidentes automobilísticos, ataque por animais, entre outras.
As Próteses Buco-Maxilo-Faciais podem ser confeccionadas com materiais aloplásticos, como o silicone e a resina acrílica. A retenção dessas próteses pode ser obtida de diversas formas, como, por exemplo: através de adesivos específicos, com o auxílio de armações de óculos, por sucção, ou utilizando-se implantes osseointegrados.
O procedimento protético tem que ser personalizado e realizado de forma totalmente individualizada, sempre respeitando as características anatômicas e a tonalidade da pele de cada paciente. A anaplastologia, que é a arte e a ciência de restaurar estruturas corporais ausentes ou mal formadas, utilizando meios artificiais, permite que o especialista em PBMF confeccione próteses com um grande padrão de qualidade.
Diversos tipos de prótese podem ser confeccionadas, dentre elas, as mais freqüentes são:
· Próteses Oculares: feitas em resina acrílica, a partir de uma moldagem individual, com a qual se consegue um restabelecimento do contorno externo de uma cavidade anoftálmica ou de um olho eviscerado, diminuindo o lacrimejamento, empestamento dos cílios, permitindo mobilidade de aspecto natural e melhorando a estética do paciente.
· Próteses Óculo-palpebrais: feitas, na maior parte dos casos, em silicone, para pacientes que perderam o globo ocular e a região da pálpebra. A retenção dessas próteses é alcançada de diversas formas, sendo essas essenciais para a estética facial de pacientes mutilados.
· Próteses nasais: feitas tanto em silicone como em resina acrílica, utilizadas para reabilitar pacientes que perderam o nariz. São extremamente leves e podem ser retidas de diversas maneiras. O impacto estético dessas próteses é imenso.
· Próteses auriculares: confeccionadas tanto em resina acrílica quanto em silicone, são utilizadas para reabilitar pacientes com malformações congênitas da “orelha” ou que tiveram a perda dessa estrutura por acidentes ou devido à ressecção de tumores nessa região.
· Próteses Obturadoras: utilizadas para reabilitar pacientes com deformidades no palato mole e palato duro (céu da boca). São extremamente importantes para a deglutição de alimentos e para a fala dos pacientes.
Como essa é uma especialidade rara, são poucos os profissionais que estão habilitados a realizar esse tipo de procedimento, sendo necessário um longo acompanhamento e manutenção dessas próteses durante toda a vida do paciente.
Os profissionais capazes de confeccionar essas próteses têm a oportunidade de oferecer vida nova a pacientes que se encontram reclusos em suas casas. Reintegrar o paciente à sociedade é o lema determinante entre os especialistas em Prótese Buco-Maxilo-Facial.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Câncer Bucal: Previna-se.

O Câncer de Boca é um dos tumores malignos de maior incidência no Brasil e afeta, principalmente, homens acima de 45 anos. No entanto, a ocorrência desses tumores em mulheres que apresentam hábitos considerados de risco aumenta a cada ano. O Câncer Bucal tem cura, principalmente quando diagnosticado em estágios iniciais. Entretanto, o que ainda se vê são diagnósticos feitos em estágios avançados, fazendo com que essa patologia esteja associada fortemente à ocorrência de recidivas.

Os locais mais comuns do Câncer de Boca são a língua e o lábio inferior, mas, também, pode ser encontrado no soalho da boca (embaixo da língua), nas glândulas salivares menores, nas gengivas, no palato duro (céu da boca) e na área do trígono retromolar (atrás dos terceiros molares – dente do “siso”). Esses cânceres também podem ocorrer em pessoas jovens, mas são raros em crianças. Como a boca contém vários tipos de células e tecidos, diferentes tumores podem se desenvolver, o que influencia diretamente no tratamento e no prognóstico do paciente.

Alguns crescimentos celulares que, de início, parecem inofensivos, podem, com o passar do tempo, transformar-se em lesões malignas e são conhecidos como lesões cancerizáveis. Dentre essas lesões, as mais freqüentes são a leucoplasia, a eritroplasia e a queilite actínica. A leucoplasia é uma placa esbranquiçada que não pode ser removida por uma simples raspagem e que não é diagnosticada como outra lesão. Já a eritroplasia, pode-se apresentar como uma lesão avermelhada, ligeiramente elevada, estando ou não associada a áreas leucoplásicas. A queilite actínica é uma alteração que ocorre principalmente no vermelhão do lábio inferior, resultante da exposição excessiva, ou, a longo prazo, ao componente ultravioleta da radiação solar. Essas lesões são, freqüentemente, diagnosticadas pelo Cirurgião-Dentista durante o exame clínico.

Mais de 90% dos cânceres de boca são carcinomas espinocelulares, também chamados de carcinomas de células escamosas ou carcinomas epidermóides. Alguns fatores estão diretamente relacionados com o aparecimento desses tumores, dentre eles:
  • Fumo: Cerca de 90% das pessoas com Câncer Bucal fumam cigarros, cachimbos, charutos ou têm o hábito de mascar tabaco, sendo que o risco de desenvolver a doença aumenta de acordo com a quantidade de fumo consumida, ou seja, quanto mais a pessoa fuma, maior o risco de desenvolver o Câncer Bucal. Os tabagistas têm de 6 a 16 vezes mais chances de desenvolver esses cânceres que os não fumantes. Já pacientes aparentemente curados da doença, mas que insistem no hábito de fumar, têm uma probabilidade bem maior de desenvolver um segundo Câncer de Boca quando comparados aos que pararam de fumar.
  • Álcool: O consumo de bebidas alcoólicas associado ao hábito de fumar aumenta, consideravelmente, o risco de uma pessoa desenvolver o Câncer Bucal. A combinação do fumo com bebidas alcoólicas é a mais fatal.
  • Radiação Ultravioleta: Mais de 30% dos pacientes que desenvolvem Câncer no Lábio são pessoas que trabalham em funções que estão associadas à exposição solar prolongada, sendo as pessoas de pele clara as mais afetadas.
  • Irritações na mucosa: Acredita-se que o uso de próteses dentárias (dentaduras) mal adaptadas seja um fator de risco para o desenvolvimento do Câncer Bucal, mas algumas pesquisas mostram que não há diferença de incidência dessa patologia entre as pessoas que usam próteses e as que não usam. Porém, como próteses mal ajustadas tendem a reter partículas de tabaco e álcool, é recomendável que essas sejam reavaliadas pelo Cirurgião-Dentista periodicamente.
  • Alimentação: Pessoas que têm uma dieta pobre em frutas, legumes e verduras apresentam um maior risco de desenvolver Câncer Bucal que aquelas que consomem esses alimentos com freqüência.
  • Idade: A probabilidade de desenvolver Câncer de Boca aumenta com a idade.

A prevenção de grande parte dos Cânceres de Boca depende de se evitar os fatores de risco e do diagnóstico precoce das lesões cancerizáveis.


O Cirurgião-Dentista especializado em Estomatologia apresenta um papel de fundamental importância na descoberta de tumores bucais e auxilia muito no tratamento oncológico e controle dos seus efeitos colaterais. Este profissional está apto a prevenir, diagnosticar e tratar as enfermidades relacionadas à boca e ao complexo maxilofacial. Com o trabalho do Estomatologista, é possível diagnosticar tumores em estágios iniciais, que se manifestam como lesões quase imperceptíveis, aparentemente inofensivas.


Outra função do Estomatologista é, após a descoberta do Câncer, identificar e eliminar focos infecciosos na boca, como restos radiculares, dentes irreparáveis, doença periodontal e qualquer outra infecção que acometa os maxilares. Precisa, também, informar ao paciente a respeito dos métodos de controle e amenização dos efeitos colaterais provocados pela radioterapia, um dos tratamentos para o Câncer Bucal. A radioterapia é amplamente empregada, seja como terapia primária, adjuvante à cirurgia, de forma paliativa em tumores avançados ou irressecáveis, ou ainda, associada ou não à quimioterapia. Apesar dos crescentes índices de cura, os efeitos secundários do tratamento permanecem um desafio para os profissionais envolvidos no manejo dos pacientes irradiados. A morbidade decorrente da terapia com radiação para o Câncer Bucal é variável, pois depende da área e das regiões irradiadas, da quantidade de radiação absorvida e da resposta individual de cada paciente. Os efeitos adversos possíveis incluem: xerostomia (sensação de boca seca causada pela diminuição do fluxo salivar), alteração do paladar, mucosite (ulcerações na mucosa), fibrose muscular, trismo (limitação da abertura bucal), cáries, doença periodontal progressiva e osteorradionecrose (necrose do osso irradiado).


Um fator de extrema importância é a diminuição do fluxo salivar, já que a saliva é responsável pela proteção e lubrificação da mucosa, e a sua diminuição pode tornar a boca um ambiente propício para o desenvolvimento de fungos (candidíase oral). A diminuição desse fluxo salivar pode perdurar por muito tempo após a radioterapia, o que expõe o paciente a um número maior de microorganismos cariogênicos e, conseqüentemente, à cárie causada pela radiação, que apresenta características específicas e evolui rapidamente. Isso pode gerar a necessidade de extrações dentárias, que aumentam consideravelmente o risco do desenvolvimento da osteorradionecrose.


Complicações orais ocorrem em quase todos os pacientes que fazem radioterapia (de cabeça e pescoço) e o atendimento odontológico prévio e subseqüente a esse tratamento deve ser priorizado.


Com um tratamento multidisciplinar, que inclui o Cirurgião de Cabeça e Pescoço, o Cirurgião Micro-Vascular (em casos que são necessárias reconstruções microcirúrgicas), o Cirurgião-Dentista especializado em Estomatologia, o Cirurgião-Dentista especializado em Prótese Buco-Maxilo-Facial (em casos, por exemplo, de perdas de estrutura do palato ou da mandíbula), o Nutricionista, o Fonoaudiólogo, dentre outros profissionais da área da saúde, pode-se oferecer aos pacientes portadores de Câncer Bucal uma rápida reintegração ao seu meio social e um aumento considerável na sua qualidade de vida.


O melhor tratamento é a prevenção. Consulte um especialista.

Mensagem Inicial

Caros leitores,
A iniciativa de criar esse espaço para discussões sobre assuntos relacionados à Odontologia e à área da saúde vem de minha vontade de compartilhar os conhecimentos adquiridos durante alguns anos de estudo e, ao mesmo tempo, criar um espaço informativo para leitores que manifestem interesse pelo universo da odontologia com suas diversas especialidades e áreas relacioandas.
Todas as informações encontradas nesse blog serão fruto de estudo e pesquisa sobre os assuntos discutidos, mas não, necessariamente, terão formato de artigos científicos.
Espero que todos se sintam bastante à vontade para comentar, argumentar, acrescentar informações e tentar esclarecer suas dúvidas, inexistindo, dessa forma, perguntas ou comentários indesejados.
Sejam todos bem-vindos e vamos dar início as nossas discussões.
Atenciosamente,
Gabriela Avertano Rocha.